XXXIII domingo do Tempo Comum
Nos tempos da história o cristão deve treinar-se para o discernimento. Antes de mais o discernimento para fazer frente ao engano. Importa reconhecer os "muitos" que se apresentarão como detentores da verdade e portadores da revelação, que usurparão o título apenas cristológico "Eu sou" (Lc 21,8) para induzir qualquer um a segui-lo. O espaço religioso e eclesial é também cenário de enganos e de imposturas que se manifestam, antes de mais, com a sua pretensão de verdade absoluta e indiscutível. O cristão é chamado a discernir e a saber dizer "não": a instrução "não os seguis" é tão forte como aquela que tantas vezes Jesus dá: "Segui-me". Desconfie-se sempre de quem pensa saber qual é a vontade de Deus sobre as pessoas, ousando impô-la.
Por outro lado trata-se de discernir guerras e agitações históricas, tais como catástrofes e desastres naturais, sem os pensar como eventos anunciadores do fim do mundo (cf. Lc 21,9-11). O discernimento aqui é luta ativa contra o medo e o potencial inibidor do terror (“Não vos aterrorizareis”: Lc 21,9). E conduz à humildade de quem reconhece que o próprio tempo não é a totalidade do tempo, que o próprio acontecimento não é a totalidade da história e que o próprio fim não coincide com o fim de um tempo e de uma história que superam cada homem.