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IV Domingo do Tempo Comum

 

No coração deste texto Evangélico está o encontro de Jesus com "um homem com um espírito maligno". Ou seja, um homem sofrendo psiquicamente ou afectado por males que se manifestavam de uma forma bizarra, anómala, violenta e por isso eram atribuidos a espíritos malignos. Na realidade, o mal que aflige aquele homem (que frequentava regularmente a Sinagoga, o lugar Santo), tem também uma valência espiritual que se manifesta no conhecimento que tem de Jesus e no modo como o confessa de forma ortodoxa (“Tu é que és o Santo de Deus”: Jo 6,69), mas em não querer ter nada a ver com Ele (“Que tens a ver connosco?”: Mc 1,24). O diabólico do comportamento está ali: confessa-se retamente a fé, mas não nos envolvemos em seguir Jesus até às últimas consequências. O Evangelho de Marcos ensina-nos que a confissão de fé autêntica deve acontecer sob a cruz (cf. Mc 15,39), é inseparável de uma caminho concreto, de ser discípulo até ao fim, até ao escândalo da cruz.

O episódio mostra também o sofrimento que a cura custa àquele homem: "Então, o espírito maligno, depois de o sacudir com força, saiu dele dando um grande grito"(Mc 1,26). A palavra de Jesus cura, fazendo emergir o mal, revelando-o e permitindo a sua expulsão desde o mais profundo de nós: aquele mal desde há muito sufocado para não sofrer, agora é trazido à luz e estes espasmos de dor encontram-se a meio caminho entre a morte e o nascimento. A palavra de Jesus não é adoçada, também faz mal, mas não o enterra, antes fá-lo emergir e afronta-o abertamente. A palavra de Jesus tem autoridade porque é libertadora: dá ao homem o seu lugar, libertando-o das divisões que o laceram e dos fantasmas que o atormentam; é palavra autorizada porque é sacramental: nela se manifesta o poder de Deus (v. 27; no Antigo Testamento é o próprio Deus que ralha, manda calar e vence Satanás: cf. Zc 3,2); é palavra autorizada porque é testemunho (revela a unidade profunda da pessoa de Jesus, do seu falar e do seu agir).

Comunidade de Bose
Eucaristia e Parola
Textos para as Celebrações Eucarísticas - Ano B
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