Cerâmica em Grés e Raku
Desde os tempos mais remotos que os Homens transformaram, com recurso ao torno, a terra maleável com água passada pelo fogo, em cerâmica de terracota que hititas, semitas, gregos, etruscos e romanos produziram e adoptaram para as suas cozinhas e como ornamento das suas casas.
Esta é a cerâmica que todos nós conhecemos...
Porém, na China, já no séc. III a.C. argilas ricas de alumina mas sempre com fortes qualidades plásticas eram sabiamente sujeitas a temperaturas muito altas até se fundirem e vitrificarem.
Era assim criado um produto muito resistente, não poroso, duro e pesado, chamado grés, conveniente para o uso alimentar e para forjar formas artísticas.
Nós procuramos esta argila em França mas encontra-mo-la também mais perto, na região de Vercelli e através de pesquisas e provas diversas estamos em condições de produzir grés proveniente da nossa região da Serra....
Eis assim, nascida da terra, água, ar, fogo e das mãos do homem a nossa cerâmica, com as cores naturais e simples da Serra.
Os nossos Irmãos formaram-se na escola de Gérard Pott, aluno de Daniel de Montmollin e de Gianni Beccafichi -um dos artistas italianos mais notáveis, nesta área, a nível internacional.
A nossa cerâmica é feita apenas à mão e com ajuda do torno, é decorada com esmaltes derivados de matérias primas naturais e cinzas e é cozida a 1300° C em redução, segundo processos antigos.
Todas as nossas cores são naturais, adaptadas ao uso alimentar e provenientes de cinzas de feno, ramos de videira, lavanda, fetos rosa e árvores diversas.
O processo de manufactura e produção dura cerca de 3 semanas. Cada objecto é feito à mão no torno, seco naturalmente e "cozido" a 950° C, esmaltado e depois de um período de repouso cozido no forno a 1300° C. Segue-se um delicado processo de lento e progressivo arrefecimento e eis que estas criaturas, saídas das mãos do homem, envoltas em cores silenciosas, querem também ser... um louvor a Deus!
O raku
A palavra “raku” significa “alegria profunda”. Surgiu no séc. XVI, no Japão e resulta do encontro entre oleiros coreanos, o ritual japonês da cerimónia do chá e a filosofia Zen. Este tipo de técnica necessita de um barro muito refractário que resista a fortes choques térmicos. Cada objecto é feito à mão, pintado com recurso a óxidos e esmaltes e cozido a 1000° C em fornos especiais; é depois retirado do fogo, ainda em estado incadescente, com longas pinças metálicas e colocado num leito de palha e serradura que inflama instantaneamente. É depois fechado hermeticamente com uma campânula e nesta fase, os óxidos metálicos do esmalte reagem com o carbono do fumo.A diferença térmica e o fumo produzido dão origem ao “craquelé” - leves fissuras no esmalte e na terra que dão um efeito antigo e que são o resultado de uma "brincadeira" entre o ar, a água, a terra, o fogo e as mãos do homem. É sempre uma grata surpresa esta metamorfose que se assemelha quase a um ritual. Graças à riqueza das "nuances" e aos reflexos dos esmaltes um objecto raku é sempre irrepetível.
É possível seguir as fases de criação de alguns dos vasos expostos e de outros produtos manufacturados no atelier de cerâmica de Bose: a mistura das terras (argilas, grés,...), o uso do torno, a produção dos esmaltes e os vários métodos de esmaltagem.